ALARME FALSO?
A policia foi chamada para uma residência na Rua das Hortênsias na noite passada para o que parecia ser um imbróglio doméstico. Quando chegou ao local da ocorrência, o policial Heitor constatou que não havia ninguém na casa. Os proprietários se encontravam na tradicional noite de queijos e vinhos do Clube Parisiano. Heitor fez uma varredura no domicilio e não encontrou nenhum sinal de que mais pessoas residiam na casa além do casal Valter e Julita. “A casa inclusive tinha uma só escova de dentes, o que já é uma situação anti-higiênica para duas pessoas, imagine mais”, bem observou Heitor. Juarez, o vizinho da esquerda, acredita que foi uma briga conjugal de fantasmas. “Aproveitaram que tinham a casa só para eles para lavar a roupa suja. Queriam privacidade.” Valter, morador da casa supostamente assombrada, deu sua versão: “até tem fantasma aqui, mas é só um, um idoso. A gente chama ele de Salsão. É como se fosse um pet. Só se chegou outro agora e eles brigaram pelo território. É possível”. Um inquérito foi aberto para investigar o caso. “Ficaram de avisar quando o elemento Sansão reaparecer para podermos interrogá-lo, mas gostaria de aproveitar esse caso para fazer um apelo a toda população: falecer é uma fatalidade mesmo, mas tentem passar por mais essa etapa da vida com dignidade. Não sei se existe uma luz ou alguma indicação de caminho para o defunto… caso não haja, confiem em suas intuições e sigam caminho. Não permaneçam em Araçoióba, porque esse tipo de ocorrência é muito danosa para a cidade. Desvaloriza imóveis, mobiliza efetivos da policia à toa e atrai turistas do tipo que não queremos (excêntricos de todo tipo que não gastam muito com alimentação, estadia e souvenirs)”, clamou o delegado Soraio, responsável pelo caso.
DE TORCER O NARIZ
Ruth Menezes
Há seguramente um ano que aquele bueiro em frente a ótica do Magrão solta para a rua emanações fétidas impelindo os transeuntes a apertarem os passos ou levarem as mãos ao nariz. Alguns proferem até palavrões e abanam o ar, como se o ato fosse resolver alguma coisa. Não seria justo, justinho, bem justo que a excelentíssima prefeita Vivian do Posto de Saúde voltasse seus olhos para aquele sarcófago de fedentina nauseabundo; aquela bocarra ancestral de Matusalém em seu mau hálito matinal; aquela catacumba a céu aberto sem valor cultural ou turístico; aquela máquina de moer a volição de citadinos, de despencar a pressão dos excessivamente pálidos, de induzir o retorno do bolo alimentar em mamíferos não ruminantes?